segunda-feira, 1 de novembro de 2010

O olhar do Mestre encontrou os seus olhos



Neste domingo tivemos a oportunidade de refletir sobre o famoso episódio do encontro de Jesus com Zaqueu. Nos últimos tempos, temos ouvido uma canção que se tornou bastante popular e que possibilitou que nosso povo interiorizasse um pouco desta experiência única desse homem que foi acolhido por Cristo. Porém, o texto sagrado nos dá a possibilidade de ver e ler aquilo que não está explicitamente apresentado.

Sabemos que Zaqueu era um cobrador de impostos. Um notável de sua época, temido e que se colocava acima de tudo e de todos. O texto não fala, mas certamente Zaqueu ouviu falar de Jesus e percebeu que este homem tocava profundamente a vida daqueles que o via e que era atingido por sua vida e por sua palavra. Encontramos assim um caminho indireto de evangelização. Ele já estava sendo evangelizado, não diretamente por Jesus, mas por aqueles que Jesus tinha anunciado a Boa Nova. Nós somos esses evangelizadores. Quantas não são as pessoas que conhecemos que não vivem a fé, não buscam a Deus, não conhecem Jesus? E como Jesus chegará até eles? É claro que isso se dará através de nós.

Contemplando este episódio, percebemos que Zaqueu ao saber que Jesus passaria por ali, não hesitou em subir numa árvore para ver Jesus. Visualizemos esta cena. Aparentemente algo muito normal, mas não para este explorador frio e insensível. Naquele momento, Zaqueu deixou de lado seus títulos e cargos, sua imagem e autossuficiência, e expõe-se ao ridículo. Se o velho Zaqueu olhasse para este novo Zaqueu, diria para ele: mas o que é isso que você está fazendo? Nesse sentido, olhando para nossa vida de fé, temos consciência que muitos nos olham como se fôssemos pessoas ridículas. Para quem não crê e não acredita, nada é mais ridículo do que dar do nosso tempo e cultuar algo que não existe. Será que não me sinto ridicularizado quando digo que tenho fé e procuro cultivá-la a cada dia? E quando me ridicularizam por causa da minha fé, como reajo?

Encontramos também nesse pequeno episódio um lindo e perfeito caminho de missão e evangelização. Falamos tanto de missão, que precisamos ser missionários e que devemos assumir nosso papel de evangelizadores. Mas como corresponder a esta necessidade? Pensamos sempre em coisas grandiosas, em mirabolantes ações evangelizadoras, com muito barulho e estardalhaço. Mas será que Jesus pregou a Boa Nova desse modo? Os Evangelhos apresentam Jesus optando por esse caminho peculiar. Como Jesus anuncia o Reino naquele encontro? Ele estava rodeado por muita gente, mas fixa seu olhar num homem pendurado numa árvore. Olhou nos olhos desse homem, chamou-o pelo nome e pediu que fosse acolhido por ele e por sua família.

Este é o caminho escolhido por Jesus. Ele não foi reducionista, mas sabia que tocando o coração desse homem, tocaria toda sua família e alcançaria todos aqueles que um dia foram explorados e extorquidos por ele. Se antes as marcas deixadas por este homem na vida das pessoas eram de exploração e abuso, a partir daquele momento, as marcas que este homem deixaria na vida das pessoas seriam de paz, de amor, de misericórdia, de gratidão, pois sua vida não foi mais a mesma depois que o olhar do mestre encontrou os seus olhos. Esse pequeno homem tornou-se grande, não mais pelo sofrimento dos injustiçados, mas foi engrandecido por aquele que deu o verdadeiro sentido à sua vida, tornando-se justo e acolhendo a Salvação que entrou em sua vida e na vida de todos que partilhariam de sua nova vida.






domingo, 24 de outubro de 2010

Estar diante de Deus...

O Evangelho deste Domingo apresenta como devemos orar. Todo ser humano que crê necessita alimentar a sua fé através da intimidade com Deus. Ao nos colocarmos diante de Deus, estamos expressando o que somos, nosso temperamento, nossa personalidade, nossa visão de mundo e do próprio Deus. Desse modo, Jesus nos oferece dois modelos ou duas formas de nos apresentarmos diante de Deus, representados por duas pessoas. O primeiro é o fariseu, homem reconhecido como alguém profundamente religioso, que segue a lei e os princípios divinos. Junto a ele, no templo, está o cobrador de impostos, gente sem escrúpulos e exploradora. Por que será que Jesus coloca estes dois homens lado a lado? Certamente Jesus quer nos mostrar que muito mais que o nosso exterior, o que conta para Deus é a intenção mais profunda que trazemos dentro de nós quando estamos em sua presença. De nada vale nos colocar diante de Deus e não reconhecer os nossos limites, nossas imperfeções e nossa falta de conversão. Olhando para o fariseu percebemos que ele não rezou, tampouco se colocou diante de Deus; mas colocou diante de si um espelho, marcado pela sua autoimagem corrompida e desvirtuada. Deus não encontrou espaço em sua oração, porque não tem espaço em sua vida. Ele não quis ouvir a Deus. Basta-se em si mesmo. Por outro lado, temos alguém que nos é apresentado, não pelo seus estilo de vida, mas por sua atitude diante de si e de Deus. O publicano colocou-se diante de Deus, apresentando suas misérias e sua vida corrompida. Deus ali não apenas encontrou espaço, mas tornou-se naquele momento tudo na vida deste homem. Temos aí, portanto, um caminho pedagógico para nossa vida interior se queremos cultivar nossa espiritualidade: ser o que somos, ao menos perante o Senhor e para nós mesmos. Este homem saiu do templo, mas ele já não era mais o mesmo. Este encontro certamente marcou o início de uma nova vida. Neste mundo marcado pela superficialidade e pelas máscaras que nos impõem e que colocamos em nós mesmos, queremos nos propor para esta semana viver nossa espiritualidade com maior autenticidade, fazendo de nossa oração um momento privilegiado de encontro com Deus que nos conhece profundamente e que mora no mais íntimo de nosso ser.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Então tu serás feliz!


Todo ser humano está em busca de sua felicidade. Nós nos movemos, nos motivamos, nos desinstalamos em direção daquilo que nos fará felizes. Mas por que muitos são tão infelizes e insatisfeitos? Este é o questionamento que perpassa o Evangelho deste último domingo em que Jesus nos apresenta dois banquetes: o dos primeiros lugares e o dos pobres, coxos, aleijados... Se não levarmos em consideração a consequência de tais atos: Então tu serás feliz! Seguir os preceitos de Cristo torna-se loucura e ilusão.

Após observar a atitude dos convidados, Jesus diz que devemos escolher o último lugar, viver desapercebidamente. Para o ser humano contemporâneo, isso é uma loucura. Queremos ser os melhores, ocupar os lugares de destaque, de honra e muita distinção. Em contrapartida, Jesus nos aponta o caminho da humildade. Mas quem é o humilde? A palavra humildade vem de humus (terra, barro). Pela fé, acreditamos que fomos feitos do barro pelo escultor divino, o nosso Criador. Nesse sentido, somos todos iguais e pisamos o mesmo chão. Nossa vida depende d'Ele que nos fez dependentes também uns dos outros. Olhando para o outro, eu me vejo, e o outro deve se enxergar em mim. Então por que criamos tantas diferenças?

Para Santa Teresa Ávila, "humildade é a verdade". Ou seja, segundo a grande doutora carmelita, quanto mais assumimos nossa verdade, o que somos, nossos sentimentos, nossas alegrias, nossas limitações, nossos erros, nossas esperanças, mais humildes nos tornamos. Nesse sentido, quanto mais nos escondemos, criamos máscaras, fingimos ser o que não somos, nos tornamos orgulhosos, arrogantes e nos sentimos mais e melhores do que os outros. Este acaba afastando de perto de si, todos aqueles que procuram viver a sua verdade, a sua vida com transparência. Vive uma ilusão, vive em um mundo que não existe. Um triste mundo, num mundo que para ele, é muito triste!

Já no outro banquete apresentado por Jesus, ele espera que nós não convidemos nossos parentes e amigos para as nossas festas, mas os aleijados, os coxos, os pobres... Temos que ser muito honestos e reconhecer que esta verdade não faz parte da nossa realidade. Quem de nós prepara um banquete para os preferidos do Senhor? Os nossos preferidos são outros. Acreditamos que grandes mudanças, passam por pequenas atitudes. Olhando para nossas escolhas à luz da vida cristã, reconhecemos que procuramos prezar pela organização dos nossos Domingos, Dia do Senhor. Vamos à missa, preparamos um banquete para os nossos familiares e amigos; descansamos, conversamos... Até aí não há nada de errado. Mas como fica esta passagem do Evangelho?

Ao longo do ano temos aproximadamente 50 domingos. Diante disso eu me pergunto: será que em algum deles eu me dediquei aos preferidos do Senhor? Será que eu tenho coragem de dizer aos meus familiares e amigos num domingo, hoje me dedicarei àqueles que ninguém se dedica? Tenho a coragem de fechar a porta da minha casa e ir ao encontro de um enfermo, ou visitar um asilo ou uma casa de recuperação de dependentes? São pequenas grandes provocações que o Senhor nos faz nesta semana. Temos dificuldade de lidar com a gratuidade porque somos poucos gratuitos. Olhamos sempre o nosso lado particular ou o que ganharemos com tais atos. Pensamos sempre em nós, em nosso pequeno mundo e nos esquecemos de quem está do outro lado, no mundo real.

Por fim, qual é o sentido de tudo isso? Por que nos desafiarmos a mudar nosso pensamento e nossas atitudes? Porque simplesmente acreditamos na Palavra do Senhor. Temos nela um Caminho para nossa Vida. Porque para nós é a Verdade Suprema. Encontramos em nosso dia-a-dia muitas propostas de alegria e felicidade. O mundo não cansa de nos apresentar seus meios e possibilidades. Para nós só existe uma: a proposta de Jesus Cristo. É acreditando que seremos mais felizes, mais alegres, um pouco mais próximos da realização, que procuraremos ser mais humildes e gratuitos. O mundo tem sede disso. O ser humano espera isso. Quem está ao nosso lado experimentará essa realidade, se ao menos acreditarmos nisso e nos esforçarmos para tornar isso presente em nossa vida.



segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Um Tesouro tão distante e tão próximo




Toda nossa vida é uma constante busca. Estamos sempre seguindo em direção de algo. Fisiologicamente todo nosso organismo está num constante movimento de busca. Nossas células precisam de alimento, nosso sangue percorre milhares de quilômetros para alimentá-las e cumprir o seu papel, nosso coração bate preocupado em garantir pressão para que o sangue cumpra sua tarefa. Instintivamente estamos em busca daquilo que nos garante a sobreviência: ar, água, alimentos, calor, proteção. Existencialmente precisamos de afeto, de carinho, cuidado, de relacionamentos. Mas só isso não basta.

É assim que compreendemos que nossa vida, em todo o seu ser, é um reflexo daquilo que realmente somos e ansiamos. Estamos em busca da razão de nossa vida. Nessa dimensão surge, então, a realidade presente no ser humano que dá razão a todas as outras: a espiritualidade, cujo dinamismo associa-se à fé. Não uma fé qualquer. Mas uma fé bem determinada que, em meio ao Mistério, tem suas próprias razões. É vivendo esta fé que a vida passa ter um sentido e a nossa busca não se limita apenas ao campo fisiológico ou existencial, mas se abre ao horizonte do inifinito, do ilimitado e imperecível.

A divindade que habita em nós nos impulsiona ao Criador, tornando presente, pela fé, aquilo que se espera, dando consistência à nossa busca, fundamentando nossa esperança. Desse modo, percebemos que o ser humano se configura naquilo que espera, ou seja, somos aquilo que esperamos. E o que esperamos? Deus, em sua plenitude e totalidade. Ele é o nosso Tesouro! Afirmamos facilmente que Deus é o nosso Tesouro. Jesus disse: "Onde está o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração" (Lc 12,34). Porém, percebemos que nem sempre nossas buscas, nossos esforços e sacríficios se voltam na conquista desse tesouro. Nosso coração se encontra repleto de tantas coisas e preocupações e reconhecemos que nossos pequenos tesouros ocuparam o lugar do único e verdadeiro Tesouro.

Precisamos diariamente fazer nossa opção em buscar este Tesouro. Somos tentados o tempo todo em subsituir a preciosidade deste tesouro por coisas tão perecíveis e passageiras. Se afirmamos que somos o que esperamos e me desgasto demais com as coisas deste mundo, acabo me tornando uma matéria a mais em meio a tudo que existe. Entretanto, à medida que espero em Deus, em sua Palavra, a sua Verdade e a sua Vida, todas essas realidades crescem em mim, se concretizam em minhas opções. Passo a reconhecer que este Tesouro tão distante tem parte de sua preciosidade escondida dentro de mim, lá onde o dono do Tesouro reservou seu espaço que não pode ser preenchido por nada nem por ninguém a não ser por Ele mesmo, razão do nosso existir.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Relatos de um Peregrino!


Meus amigos, paz! Depois de um longo verão (ou inverno) estou de volta! Desde a última postagem, muitas coisas aconteceram. No último texto dizia que estava com as malas prontas e com o coração ansioso para uma viagem mais do que especial. No dia 6 de junho, 4 sacerdotes e mais este que lhes escreve, com mais 18 leigos de nossa diocese, embarcamos para a cidade eterna: Roma!

Todos nós estávamos muito ansiosos e entusiasmados com esta peregrinação. Muitos se preparam e sonharam com esta viagem durante muitos anos. Sempre sonhei com uma viagem dessa, mas na realidade, quase não tive tempo para degustar o sonho que se concretizaria tão brevemente. Tive menos de 20 dias para me preparar para tamanha experiência. Aos poucos fomos nos conhecendo e às 16h30 nosso avião deixou o solo brasileiro para aterrisar às 6h30 da manhã (horário local), em Lisboa, para nossa conexão. Depois de algumas horas de espera, pegamos nosso vôo com destino a Roma. Às 14 horas (horário local), tocamos o solo italiano.

Confesso-lhes que não foi pouca minha emoção. Estar em um outro país, vendo gente de todos os lugares do mundo, pisar o chão onde se encontra a Sede da nossa Igreja, tudo isso mexe profundamente conosco. Nunca falei outra língua fora do contexto de estudo. Agora a sala passa a ser o mundo. Todos à nossa volta não falam a nossa língua! É muito engraçado e ao mesmo tempo desafiador. Estou estudando italiano há quase dois anos, mas com o corre-corre e compromissos pastorais, não consegui me dedicar com afinco aos estudos da língua italiana. Disse então para mim mesmo: "está na hora de levar o estudo das línguas estrangeiras, especialmente o italiano, mais a sério!" Essa foi a primeira lição que aprendi na Itália.

Seguindo para o hotel, não sabia se escutava o que a guia estava dizendo, se olhava para as paisagens, monumentos e outras maravilhas. Estava maravilhado com tudo. Assim que nos acomodamos, pensei: depois de passar quase 18 horas viajando, agora vamos descansar! Mas na verdade o meu desejo mesmo era correr em direção do Vaticano. E foi o que aconteceu. Pe. Jean disse para nós padres: "Vamos agora para o Vaticano. ESTAMOS EM ROMA!" Realmente, a ficha demora para cair. E assim os 5 jovens sacerdotes seguiram para o ponto de ônibus a fim de conhecerem o Vaticano. Em menos de quinze minutos de viagem pelas ruas romanas, ainda dentro do ônibus avistamos a magnífica cúpula da Basílica de São Pedro. Que emoção! Esta foto que aí está foi tirada dentro do ônibus, expressando o primeiro ângulo que tive da cúpula.


Estávamos todos muito encantados. Ficamos olhando, admirando, tirando fotos uns dos outros na Praça de São Pedro. Era uma tarde muito quente e ensolarada. Em seguida, entramos na fila para adentrarmos naquela basílica que faz parte de nossa fé e que, desde a infância, contemplamos quando assistimos a famosa missa do galo na noite de Natal. Não tem como descrever a emoção que sentimos quando entramos nessa monumental basílica. Primeiramente fiz uma prece de louvor e agradecimento pela oportunidade de estar ali naquele lugar que sempre esperei conhecer, mas também pela grandeza e dignidade de fazer parte desta Igreja que mudou os rumos da humanidade, que transformou a sociedade e que deu um novo sentido para a minha vida.

Num clima de oração e silêncio, percorremos o interior da basílica, estupefatos com tanta beleza, imagem da Beleza inalcançável do Autor da Vida. Rezamos diante da Pietá, dos tumúlos papais, das imagens esculpidas perfeitamente em mármore, sabendo que a beleza maior está naquilo que não se vê e que a imagem tenta de algum modo transmitir. Perante o altar desta basílica rezei pelos milhares de altares cristãos espalhados pelo mundo, que mesmo distantes geograficamente, estão profundamente unidos a esta única mesa, único altar, único Cristo e Senhor.

Depois dessa rápida visita, em nosso coração já dizíamos: Já valeu a pena! De vez em quando nós perguntávamos uns aos outros: "eu não estou sonhando? Isso é verdade? Estou em Roma?" Realmente, quando nos motivamos na fé para uma peregrinação como esta, tudo aquilo que se vê, que se sente, que se experimenta, não é uma mera consequência do ato de se viajar, mas uma oportunidade de se deixar transformar através de tudo isso, unindo-se mais a Deus, razão e fim de tudo aquilo que vimos e contemplamos.


sábado, 5 de junho de 2010

Arrumando as malas... Preparando o coração...


Meus caros amigos, paz! Partilho um pouco com você o que tenho vivido nestes últimos dias. Talvez você não tenha conhecimento, mas estou partindo para uma peregrinação de 22 dias pelos santuários europeus. Tudo aconteceu repentinamente. No dia 13 de maio, após a celebração da Santa Missa, um grupo de pessoas ofereceram-me este presente. Agradeço primeiramente a Deus por este presente que Ele me concedeu através das mãos da Senhora de Fátima. Elevo ao Senhor uma prece pelas pessoas que colaboraram com este presente, que só Ele e eu sabemos quem são. Carrego cada uma delas em meu coração e nas preces de meus lábios. Alegro-me com todos que se alegram comigo e que estão tão ansiosos quanto eu, especialmente meus familiares e os amigos que nasceram pela fé. Agradeço meus confrades, particularmente o Pe. Felipe, Pe. Marcos e Pe. Geovane que, sem reservas, me incentivaram a aceitar este presente e realizar esta ímpar peregrinação. Amanhã, Domingo, embarco para a Cidade Eterna, Roma! Serei preregrino junto a vários varginhenses e mais 4 sacerdotes. O coração dessa primeira semana será a participação do encerramento do Ano Sacerdotal na Praça de São Pedro, com a presença do Santo Padre, o Papa Bento XVI, muitos bispos e milhares de sacerdotes do mundo todo. Tentarei traduzir em palavras e imagens cada experiência que viverei nos lugares que peregrinarei. Conto com sua prece. Pode contar com as minhas. Com saudade fico por aqui, concedendo-lhe minha bênção, com o coração sereno e cheio de alegria!

quarta-feira, 2 de junho de 2010

A nobre missão de servir com simplicidade...




Estive nesta última semana cruzando as estradas de nosso imenso país, seguindo em direção do Rio Grande do Sul. Fui convidado para ser o mestre de cerimônia da Ordenação Episcopal do Monsenhor Vilsom Basso. Foi uma honra participar desse momento único e especial na vida desse santo sacerdote e agora bispo da Igreja. Procurei durante toda celebração, mergulhar profundamente no mistério celebrado. Mesmo envolvido com o andamento dos ritos, cuidando dos mínimos detalhes, pude orar e rezar nesta memorável celebração.


Olhando para Dom Vilsom, contemplei o mistério do sacerdócio que este homem viveu nestes 25 anos com muita simplicidade e espiritualidade. Convivi com ele durante os finais de semana por um semestre quando ele se preparava para ser missionário nas Filipinas. Homem de poucas mas sábias palavras. Homem de oração constante. Homem de disponibilidade incondicional. Homem pobre e despojado. Homem de Deus.


Desde quando o conheci, passei admirar sua vida, sua vocação e ministério. Foi muito comovente sua despedida para as Filipinas. É bonito contemplar no rosto do homem de Deus, sua alegria em servir e também as lágrimas de quem muito ama. Participando de sua ordenação, contemplamos as lágrimas de todos aqueles que amam e admiram este homem. Recebendo cada sinal: anel, mitra, báculo, mais do que receber nobres insígnias, testemunhamos o homem que assume o compromisso de amar ainda mais a Deus, a Cristo e a sua Igreja.


Confesso que os mais de 3500 quilômetros percorridos entre a ida e a volta até Cinquentenário, Rio Grande do Sul, foram abençoados e gratificantes. Participar de um momento como este, revigora nossa fé, aumenta a nossa sede em servir e nos mostra que seguir a Cristo, exigirá de nós sempre mais do que somos capazes de pensar e imaginar. Deus abençoe Dom Vilsom. Deus abençoe a Diocese de Caxias, no Maranhão, que recebe um nobre e simples Pastor e Pai, que tem um coração grande, uma sensibilidade única e um olhar terno e misericordioso.

domingo, 23 de maio de 2010

Os círios de cera dão espaço para uma nova luz...


Celebramos hoje o Domingo de Pentecostes. É a grande festa do Espírito Santo. Há 50 dias, em torno do fogo novo, anunciávamos a maior vitória do mundo: A vida venceu a morte. Cristo ressuscitou! Neste fogo novo, acendemos o círio pascal que iluminou nossa comunidade durante este tempo de Alegria e Esperança. Com a vinda do Espírito Santo, a Igreja nos convida a rezar pedindo os dons, os frutos, as graças deste mesmo Espírito. Nosso círio hoje foi recolhido. É claro que ele não foi apagado. Seria uma incoerência nossa apagar aquilo que acendemos com tanta alegria e entusiasmo.

O círio foi recolhido. E o que podemos tirar para nossa vida deste sinal? Depois de sermos iluminados por esta nova luz, por esta nova chama, os círios que estarão presentes em nossas comunidade não serão os de cera, mas serão aqueles que têm coração e um espírito capazes de acolher a luz que jamais se extingue. Que alegria saber que a chama que brilhará a partir de agora se irradiará através de nossas atitudes à luz daquilo que cremos e professamos. Que brilho nos olhos não tem aqueles que se deixaram iluminar pela luz que brilhou do Ressuscitado e que continua brilhando até hoje?

Nossa comunidade concluiu neste dia memorável os festejos de seu patrono: o Divino Espírito Santo. Foram dias de muita oração, reflexão e partilha. Quantos sinais maravilhosos recebemos e experimentamos nesses dias. A novena nos apresentou os frutos do Espírito Santo. Quão preciosas foram as reflexões e celebrações. Como não lembrarmos da reflexão do Pe. Jean Paul sobre o fruto da paciência? A comunidade foi muito inspirada em motivar os irmãos a trazerem, a cada dia um alimento para os menos favorecidos, tornando assim nossa fé um pouco mais comprometida e encarnada. Que beleza perceber a presença dos jovens enriquecendo nossas celebrações. E concluo enaltecendo o gesto de fé e coragem de nossa comunidade em organizar os festejos populares sem a comercialização de bebidas alcóolicas.

Coroamos este tempo pascal com muita alegria e entusiamo. Realmente podemos dizer que não precisamos mais do círio pascal exaltando a presença do Ressuscitado. Ele está no meio de nós! Ele está dentro de nós! Somos portadores desta luz, deste fogo, desta chama. Somos os novos círios! Que nossa comunidade continue aberta a ação deste Espírito transformador e renovador, que nos convida a sermos ousados nas atitudes que promovam a vida, tornando o Evangelho cada vez mais presente na vida dos cristãos.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos...


Nestes dias celebramos a chamada Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos. Somos convocados a rezar para superar nossas divisões e nossos conflitos, principalmente entre as igrejas cristãs. Acompanhamos no Evangelho desta Semana o Capítulo 17 de São João que nos apresenta a Oração Sacerdotal de Jesus. Nosso Senhor reza para que os homens sejam um, assim como ele e o Pai são um. Precisamos rezar pela unidade, mas também agir, ir ao encontro dos outros, seja dentro de nossa casa, de nossa comunidade, de nossa Igreja e das demais igrejas cristãs. Nossa comunidade vive uma semana diferente, com pequenos sinais que revelam nossa fé e nossa esperança. No Domingo tivemos o encontro das Adoradoras. Mulheres cristãs, de diversas confissões que se reuniram no desejo de louvar e adorar o Senhor. Foi um encontro especial e marcante, reunindo mais de cem mulheres em oração. Na segunda-feira, fomos à igreja Metodista, conduzida pelo Pastor Fábio. Um grande homem de Deus, com profundo amor e conhecimento da Palavra. Fomos muito bem acolhidos, partilhamos nossas experiências, cantamos e rezamos juntos. Hoje, nossa comunidade paroquial teve a graça de acolher o Pastor Fábio e sua esposa Raquel na celebração de nossa novena preparatória à Festa do Divino Espírito Santo. Foi marcante a entrada deste casal em nossa igreja, conduzindo o Livro dos Evangelhos e depositando-o sobre o altar. Acreditamos que estes pequenos gestos, essa presença discreta e sincera, são frutos de nossa oração. Não nos encontramos por acaso. Que Deus abençoe nossos irmãos Metodistas. Que Deus abençoe a Comunidade Adorai, de modo particular, a Carol e o Marcelo por terem sido "intercessores" desse memorável encontro. Fica para nós a certeza que em meio às nossas diferenças e divergências, a unidade é possível e está mais próxima do que pensamos.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

N'Ele vivemos, nos movemos e existimos...


Considero esta afirmação de São Paulo no Areópago uma das mais fantásticas e maravilhosas de toda Escritura Sagrada. Nem sempre nos damos conta da profundidade de tal expressão, que para nós, é uma Verdade de Fé. Crer que vivemos em Deus significa que não existe nada fora de Deus. Todo ser humano vem de Deus, nasceu de Deus e para Deus há de voltar. A vida é de Deus. Não somos frutos do acaso. A vida não é uma mera fatalidade ou um acidente. Dizer que nos movemos por Deus é afirmar que o que nos move, nos impulsiona, o ânimo de viver é tudo obra e dom de Deus. É o próprio Deus que me estimula, me dá esperança e sussurra em meus ouvidos dizendo: viver vale a pena! Se existimos em Deus, estamos dizendo que a existência é obra do querer de Deus. Ele não precisava de nada, mas quis criar e ofereceu a existência a tudo que existe.


Nessa perspectiva, dizemos que na vida podemos assumir duas posturas: acreditar nisso ou não. Se não acredito, considero-me fruto do acaso, um ser "inteligente" e nada mais. Um ser um pouco mais desenvolvido de tudo o que existe. Viver assim é afirmar que vivo, me movo e existo por mim mesmo! Mas eu lhe pergunto: você escolheu sua vida? Você escolheu ser assim? Quem lhe escolheu? Seus pais? Creio que não! E você escolheria esses pais? Creio que também não, pois somos exigentes demais!


Se as respostas acima não nos convence, assumimos a atitude daqueles que creem que somos escolhidos e chamados a esta vida por pura vontade do Criador, Deus. Ele me quis! Ele me fez como sou. Desse modo, a nossa vida assume uma nova dimensão. Vivo em Deus, me movo por Deus e existo para Deus. Percebemos que esta pequena atitude diante da vida, da própria fé e de Deus é capaz de mudar todo o rumo de nossa vida. Tudo passa a ter um sentido. As experiências são vivenciadas numa perspectiva vocacional: Deus me chamou! Deus me enviou! Deus me AMOU! Que nossa fé no Deus que não está longe de nós, seja uma constante em nossa vida, especialmente quando tudo parece não ter sentido ou quando pensarmos que Deus está tão distante ou ter se esquecido de nós.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Se alguém me ama guardará a minha Palavra...


O Evangelho do último Domingo nos apresentava Jesus oferecendo a sua paz. Ele nos dá a sua paz e não a paz do mundo. Sempre que nos reunimos em comunidade, estamos juntos porque cremos em Deus e acreditamos em seu Amor. Desejamos colocar Jesus como centro de nossa vida e história, mas também procuramos aquilo que o nosso coração tanto anseia: a Paz! Por isso, nossas comunidades precisam transmitir e construir esta paz, primeiramente entre os seus membros, entre aqueles que professam a mesma fé no Cristo.

Podemos nos perguntar: por que existem as guerras? Por mais que tenhamos muitas e elaboradas explicações, chegamos à triste constatação que elas nascem no coração do ser humano. Olhando para a história através de nossa fé, professamos que Deus criou um mundo harmonioso e em paz. Tudo era Bom! E por isso acreditamos que tudo pode voltar a ser bom! Esta é a nossa esperança! Esta é a nossa Alegria: A Paz é possível! Basta o ser humano desejá-la, acolhendo o projeto de Deus, tendo-o como nosso Deus e acolhendo também o nosso irmão, ou seja, olhando o outro como irmão.

Uma guerra pode ser minuciosamente organizada e preparada, mas ela depende de uma palavra pra ser declarada. Os soldados esperam a palavra de destruição e de morte para que se inicie o fogo cruzado. A vitória depende da morte e a morte aguarda uma palavra que a autorize. Quanta triteza e quanta dor! Essa é a paz do mundo. É assim que o mundo acredita que alcançará a paz!
Num primeiro momento, isso parece estar muito longe de nós, porém, olhando para a nossa realidade, para os nossos relacionamentos, para as nossas famílias e comunidades, percebemos que podemos criar essa mesma situação de destruição e de morte. Provavelmente não possuo as armas de fogo, mas trago uma arma tão poderosa e tão destruidora: a palavra. Sim, minhas palavras podem ser de morte ou de vida.
Jesus nos trouxe uma palavra de paz. Ele é a nossa paz! Nossas palavras podem ser de paz ou não. Quanto poder existe nas Palavras! Percebo que minhas palavras podem unir, estimular, gerar comunhão e paz. Entretanto, minhas palavras podem destruir, dividir e criar uma pequena guerra onde quer que eu passe. É uma questão de escolha. É uma atitude de fé, de quem crê em Deus e acredita que a paz é possível.

Ao longo desta semana pensemos um pouco sobre a força e o poder da Palavra. Quem ama verdadeiramente o Senhor, guarda e reflete a sua Palavra. Olhemos para as pequenas guerras que enfrentamos, os conflitos que nos circundam e que nos atingem, e reflitamos de que modo eu posso ser um instrumento de paz. Quais palavras ocupam minha voz? Trago armas de destruição ou sementes de vida em minha boca? Que o Senhor nos ajude a plantarmos sua Palavra em nosso coração, para que nossas palavras sejam frutos de acolhida, fraternidade e paz.

sábado, 8 de maio de 2010

Um sábado de maio...


O sábado é um dia especial para os padres que atua numa paróquia. É dia de atender aqueles que não podem nos dias de semana, de participar de muitas reuniões, de se preparar para a celebração dominical e quase sempre assistir ("celebrar") matrimônios. Este foi o meu dia. Tive a oportunidade de assistir hoje o matrimônio da Gislaine e do Diângelo. Um casal especial. Eu sempre os via na assembleia durante as celebrações da Santa Missa. Hoje eles se aproximaram um pouco mais de mim, para pedir a bênção de Deus para a vida deles, para esta nova vida que se deu através da União Conjugal. Como é bom saber que em meio a tanta descrença a respeito do amor, do matrimônio, da fidelidade, existem jovens que continuam acreditando no verdadeiro sentido do amor e do matrimônio. É muito bom concluir as atividades de um sábado de maio, mês de Maria e das Noivas, acolhendo e abençoando dois filhos que se decidiram livremente viver pelo amor, para o amor e no amor. Disse a eles que contarei ainda mais com a presença deles em nossa comunidade e nas nossas celebrações. Porque, se algum dia alguém chegar até mim e dizer: Padre, não acredito mais no amor, não acredito no matrimônio, tampouco na fidelidade conjugal. Eu responderei a esta pessoa apresentando este casal, dizendo: preciso dizer-lhe mais alguma palavra? Que o Senhor abençoe todos aqueles que acreditam no verdadeiro sentido do amor e que nós jamais deixemos de acreditar no amor incondicional, no amor doação, no amor serviço, no amor divino... no Amor de Deus!

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Fui eu que vos escolhi...




Concluímos esta semana que pode ser considerada a Semana do Amor, pois tivemos a oportunidade de rezar e refletir com muita profundidade sobre o sentido do Amor. Os Evangelhos acentuaram essa dimensão fundamental da vida humana e cristã. Cremos que Deus criou tudo o que existe por causa do Amor ao seu Filho. Por Ele somos amados, e por nos amar, enviou-nos o Seu Filho para que que fôssemos salvos por Ele. Logo, Amor e Salvação se conjugam. Quanto mais eu amo, mais eu me aproximo da Salvação. É só no Amor que compreendemos o sentido da existência. É pelo amor que cremos naquilo que não vemos. Fé exige Amor e Amor exige Fé. Não é por acaso que cremos que estas dimensões do ser humano são consideradas dons divinos. O amor não é meu. A fé não é minha. São presentes de Deus, marcas que ele deixou em nós. Sendo assim chega ao coração as palavras: EU VOS ESCOLHI! Sim, ele me escolheu para ser uma extensão de sua existência. Ser sua imagem e semelhança. Sou fruto do Amor pelo Seu Filho. Que nos sintamos escolhidos e amados por Deus. Diante de uma realidade de poucos escolhidos e muitos excluídos, que nós cristãos, chamados a estar neste mundo em nome do nosso Criador, manifestemos a todos, especialmente aos desesperados e desiludidos, que eles foram escolhidos, que eles são escolhidos, e que nós também os escolhemos porque Deus nos escolheu e nos Amou!




Convido você que talvez tenha se esquecido de refletir as questões que lhe apresentei na reflexão dominical, para voltar a se questionar: Como Jesus me ama? Como eu amo Jesus?

quinta-feira, 6 de maio de 2010

E a vossa alegria seja plena...




Continuamos nossa reflexão à luz do Evangelho celebrado e rezado no dia de ontem. Hoje, Nosso Senhor nos oferece as condições para segui-lo. Ele não nos impõe nada. Na verdade, quando se ama não existe imposição, pois a adesão é incondicional. "Se guardardes os mandamentos, permanecereis no meu amor". Belas palavras que tocam o nosso coração, especialmente dos que têm fé, e mais, dos que vivem a fé. Mas se ficarmos apenas nesta afirmação, que já diz tudo para o cristão, como tocar o coração daqueles que não guardam os mandamentos e que não se preocupam tanto em permanecer com o Senhor? Desse modo, faz-se necessária a afirmação que Jesus faz em seguida: "... para que minha alegria esteja em vós e a vossa alegria seja plena". Nesse sentido, compreendemos profundamente a razão de permanecermos no Senhor e de guardarmos suas palavras. Todo ser humano tem sede de alegria. São tantas as alegrias que são apresentadas, oferecidas e comercializadas. Percebemos que, diante de um mundo capitalista e materialista, a alegria depende de coisas: serei feliz se tiver isto, se comprar aquilo, se estiver em tal lugar... Porém, acreditamos que a verdadeira alegria não está condicionada a nada nem a ninguém. A alegria verdadeira é aquela que brota de um coração cheio de fé, de alguém que coloca sua esperança em Deus. De alguém que está neste mundo mas que sabe que não é deste mundo. Se ainda não vivemos a plenitude, podemos dizer que experimenta a verdadeira alegria aquele que guarda em seu coração a Palavra do Senhor, quem deixa se questionar por Ele, procurando sempre permanecer em seu amor.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Permanecei em mim...


O Evangelho de hoje nos apresenta a celebre passagem em que Jesus compara a vida dos seus seguidores com a imagem da videira. Ele se coloca no colocar da videira e nos promove a sermos seus ramos. Quanta honra de sermos consideramos ramos do Senhor. Para que os ramos deem frutos, é necessários que eles estejam unidos à videira. Dependemos do Senhor. Para quem tem fé, não existe vida fora de Deus, sem Jesus e sem a seiva do Espírito Santo. Jesus insistentemente pede que permaneçamos n'Ele. Como traduzir para os dias de hoje esse permanecer em Jesus? Existem muitos modos de permanecermos com Cristo, mas nenhum deles substitui a necessidade primordial da oração. Podemos falar de Deus, dizer que somos cristãos, que participamos da comunidade, que atuamos em trabalhos pastorais, mas se não tivermos o nosso espírito alimentado pelo Espírito Santo de Deus, tudo isso é em vão. Desse modo compreendemos quando Jesus diz que os que não permanecem na videira, são lançados fora e queimados. Ou seja, é tudo palha seca! Porém, aqueles que permanecem em Deus, esses sim, produzem muitos frutos. Em nosso dia a dia, encontramos tempo para tantas coisas, sejam elas fundamentais ou não. Que nós cristãos, acreditemos sempre que nossa vida sem oração, sem silêncio, sem reflexão, sem escuta da Palavra, torna-se seca e vazia. E que o contrário, faz-nos experimentar a alegria, a paz, a confiança, a esperança... frutos de uma vida que permanece em Deus!

terça-feira, 4 de maio de 2010

Deixo-vos a paz...


Antes de partir, Nosso Senhor nos deixou um grande presente: A PAZ! Ele nos dá a sua paz e não a paz do mundo. Conhecemos tantas situações de guerra, países em conflitos e disputas não declaradas. Mas não podemos nos esquecer que estas situações nascem no coração do ser humano. Desse modo, percebemos que também nossos lares, nossos ambientes de trabalho, nossas comunidades podem também estar em guerra. Quando queremos impor nossas vontades, exigir dos outros nossos anseios pensando apenas em nós, estamos gerando um ambiente de guerra e de disputa. Rezemos sim pela paz no mundo, mas não deixemos de rezar e de construir a paz em nossos lugares de convivência. Precisamos aprender a ceder, ouvir, tolerar, compreender, esperar... Certamente não conseguiremos estabelecer a paz mundial, não uniremos os povos e nem desarmaremos os exércitos; mas experimentaremos um pouco da paz que o Senhor nos deixou, pois pela fé nesta paz que é possível, eu realizo aquilo que está em minhas mãos e que depende apenas de mim e das minhas atitudes. Que o Príncipe da Paz nos ajude a sermos instrumentos da Sua Paz!

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Entregar...


Hoje na Pastoral da Sobriedade refletimos e nos propomos a vivenciar ao longo desta semana o Passo Entregar. Todos nós temos muitas coisas para entregar, creio que a principal delas, além de nossa vida a Deus, precisamos entregar o nosso amanhã. Entregar aquilo que não posso mudar, aquilo que não está em nossas mãos. Cada vez que vou em uma das reuniões da Sobriedade, não consigo ficar sem me emocionar. Quando nos apresentaram o Projeto da Pastoral da Sobriedade, em meu coração e na minha razão, eu sentia e pensava: isto é impossível. Realmente, para o Padre Rafael medroso, metódico e limitado, realmente este projeto não sairia do papel. Posso dizer que esta obra é o maior sinal de Deus para mim, revelando-me que eu devo me entregar, me entregar e me entregar. Creio que esta Pastoral era o sonho de Deus para nossa paróquia, mas que precisava das mãos de um sacerdote, de mulheres cheias de fé e de coragem, para vencer os preconceitos e as muralhas que construímos em nossas relações e ir ao encontro dos escravizados pelos vícios. Louvo a Deus porque a cada semana posso olhar para estes meus filhos, que chegaram em nossas mãos, arrebentados, destruídos, humilhados... E hoje estão lá felizes, restaurados por dentro e por fora, com os olhos cheios de luz e de esperança. Confesso-lhes que a alegria que experimento cada vez que celebro a eucaristia, ela se desdobra naquele salão onde altar do sacrifício se estende, chegando aos sacrificados pelos vícios que milagrosamente retornam à vida.

domingo, 2 de maio de 2010

Assim como eu vos amei...


Quanta alegria saber que pela fé, formamos uma Comunidade fundamentada no Amor. Não buscamos a Deus numa religião fria e sem sentido. Nossa expressão religiosa não se fundamenta em preceitos vazios ou obrigações irracionais. Nossa religião é a religião do Amor. Esta foi a experiência dos discípulos, esta é a nossa experiência. Rezando e Refletindo as leituras da Escritura propostas para este 5° Domingo da Páscoa, podemos afirmar: Somos Amados por Deus! Ele nos ama, nos amou e nos amará sempre. Será que existe felicidade maior do que essa? Somos amados por nossos pais, por nossos familiares e amigos, mas o Amor maior, o Amor que nos faz ir ao encontro dos amores da terra é o Amor de Deus.
É neste Amor que acredito que sou verdadeiramente amado, e por isso preciso me amar com o amor do Pai que me ama. Como cristãos, precisamos resgatar esse amor fundante e primordial presente em nós. É dom do Pai. É interessante notar que os discípulos, antes de receberem o mandamento do Amor por parte de Jesus, acompanham Judas os deixando. Por que será que o evangelista faz esta menção? Olhando para a história de Judas, sabemos que ele é caracterizado pelo gesto da traição. Realizando uma viagem para dentro de nós, percebemos que muitas vezes nós nos traímos. E sabe qual é a maior traição que cometemos a nós mesmos: Não nos amamos!
Se Deus nos Ama e se somos chamados a Amá-lo, devemos acreditar que aí está a essência da vida. Por que então não nos amamos? Acredito que esta seja uma das maiores enfermidades do ser humano contemporâneo: não se amar! Quantas consequências trágicas acompanhamos pelo simples fato de muitos não se amarem. Quando nos amamos, enxergamos o mundo com outros olhos e fazemos a experiência que o autor do Apocalipse nos relata: "Contemplei um novo Céu e uma nova Terra!". É claro que tudo muda, pois quando eu passo a me amar verdadeiramente, já não sou mais o mesmo. Os meus olhos são transformados, meus sentimentos renovados e posso proclamar: "Eis que Ele faz novas todas as coisas!".
A comunidade cristã deve ser uma Escola do Amor. Na verdade, as primeiras aulas sobre o amor nós deveríamos receber dentro de casa, junto aos nossos pais e familiares. Porém, constatamos que esta escola está em crise. Quantos pais que dizem que amam seus filhos e passam as tardes de sábado preocupados apenas com seus interesses e diversões. Que amor é este? E as mães que enchem seus filhos de presentes, mas que não são capazes de perguntar como se sentem, se estão felizes. Não dedicam tempo para partilhar com eles as questões fundamentais da vida como a morte, a dor, os sofrimentos, as perdas e as frustrações.
Dia desses eu tive uma experiência incrível. Acompanhei à distância o encontro de uma família em sua casa. Eu não os conheço e eles nem imaginam que relato aqui este fato. Escutei um pai e uma mãe cantando para seu pequeno filho: "Como é grande o meu amor por você!". Esse acontecimento pode ser lido como algo normal e corriqueiro. Mas para mim, esse foi um dos gestos de amor e carinho mais lindos que já presenciei em minha vida. Sem os conhecê-los, senti este amor e experimentei este amor. Disse para mim mesmo: esta criança está sendo salva por seus pais. Eles estão fazendo a parte deles enquanto pais e educadores. Falar para esta criança que Deus a ama não será difícil e nem algo de outro mundo, pois essa criança sabe que o verdadeiro amor existe pois ela o experimenta debaixo do seu próprio teto.
Por fim, Jesus diz: "que vos ameis uns aos outros assim como eu vos amei". Como seguidores de Cristo, precisamos nos perguntar: Como Jesus ama? Esta resposta é clara e evidente. Basta abrir os evangelhos e constatar suas atitudes. Ele acolheu o diferente, curou os doentes, visitou seus amigos, não condenou os pecadores, ofereceu uma nova vida com um simples olhar e com breves palavras cheias de amor e de afeto. Esse é o jeito de Jesus amar. Como cristãos, o nosso jeito de amar deveria ser o dele. Pode ser que tenhamos dificuldades em amar como Jesus amou. Porém, pode ser que essas dificuldades estejam no fato de eu não deixar que Jesus me ame, me acolha e me ensine a me amar.
Para esta semana pascal, sugiro para reflexão e oração pessoal dois questionamentos: Como Jesus me ama? Como amo Jesus?

sábado, 1 de maio de 2010

Retiro das Equipes de Nossa Senhora


Estou experimentando a graça de conduzir um Retiro para os casais Equipistas de Nossa Senhora daqui de Varginha. São 38 casais que assumiram o desafio de permanecerem em silêncio ao longo desses exercícios espirituais. Disse-lhes que não tinha nenhuma novidade, a não ser a maior novidade que tão é antiga e sempre nova: Jesus Cristo crucificado-ressuscitado. Quero expresar minha gratidão e alegria de vivenciar este momento e evidenciar a seriedade dos casais presentes. Amanhã tem mais. Deus os abençoe!!

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Quem mora em meu coração??


Jesus diz: "Não se perturbe o vosso coração!".
Realmente estas palavras são fortes e tocantes. Quão precioso é o coração do ser humano e quantas perturbações encontramos ao nosso redor. Nós nos perturbamos com muitas coisas. Temos uma agenda para ser cumprida, pessoas para dar atenção e corresponder um pouco do que esperam de nós. Esta é a nossa realidade. Mas o que fazer? Sentimos que tudo isso tenta invadir o lugar mais sagrado que Deus criou em mim. Por que não dizer: o seu lugar em nós? Aquele espaço onde devem habitar apenas duas pessoas: Deus e eu. Sim, este é o nosso espaço sagrado. Ali sou o que sou e Deus é o que É. Quando tomamos consciência que existe este lugar em nós e que ali experimentamos a divindade que Ele nos concedeu, passamos a cuidar melhor desse "nosso" lugar. Não deixamos que nada nem ninguém invadam este espaço que é só de Deus e só meu! Procuremos fazer esta experiência: proteger e guardar esse lugar como se guarda e se protege um precioso tesouro. Creio que agindo assim, a Palavra do Senhor se torna palpável e Palavra de Salvação, de Ânimo, de Esperança e de Paz para nós! Que o Senhor nos ajude a acreditar sempre nesta Palavra, tornando-se em nós Caminho, Verdade e Vida. Amém!

Voltei...


Depois de praticamente 3 anos, resolvi voltar, ou melhor, assumir de vez o compromisso de ser um blogueiro. Visito tantos blogs, aprendo com tanta gente, faço viagens incríveis pelo mundo virtual, e por isso decidi corresponder ao pedido do Santo Padre, o Papa Bento XVI, que convocou os sacerdotes para criarem um blog pessoal. Eu já possuia o blog, faltava-me apenas assumir o compromisso de alimentá-lo sempre que possível. Alguns irmãos daqui de Varginha insistem comigo para que eu publique algumas reflexões. Sempre tive algumas reservas com relação a isso. Certamente é Deus que estava falando comigo através deles e eu resistindo à sua voz. Bem, espero ser disciplinado e colocar sempre algo que julgue interessante para ser publicado neste meio tão ligeiro e sem distâncias...
Neste dia, acompanhamos a Escritura que nos apresenta Paulo levantando em meio à assembleia para oferecer uma palavra de estímulo e ânimo. Obrigado a você que me estimulou a voltar para este meio privilegiado de comunicação e evangelização.

Deus os abençoe!!