segunda-feira, 1 de novembro de 2010

O olhar do Mestre encontrou os seus olhos



Neste domingo tivemos a oportunidade de refletir sobre o famoso episódio do encontro de Jesus com Zaqueu. Nos últimos tempos, temos ouvido uma canção que se tornou bastante popular e que possibilitou que nosso povo interiorizasse um pouco desta experiência única desse homem que foi acolhido por Cristo. Porém, o texto sagrado nos dá a possibilidade de ver e ler aquilo que não está explicitamente apresentado.

Sabemos que Zaqueu era um cobrador de impostos. Um notável de sua época, temido e que se colocava acima de tudo e de todos. O texto não fala, mas certamente Zaqueu ouviu falar de Jesus e percebeu que este homem tocava profundamente a vida daqueles que o via e que era atingido por sua vida e por sua palavra. Encontramos assim um caminho indireto de evangelização. Ele já estava sendo evangelizado, não diretamente por Jesus, mas por aqueles que Jesus tinha anunciado a Boa Nova. Nós somos esses evangelizadores. Quantas não são as pessoas que conhecemos que não vivem a fé, não buscam a Deus, não conhecem Jesus? E como Jesus chegará até eles? É claro que isso se dará através de nós.

Contemplando este episódio, percebemos que Zaqueu ao saber que Jesus passaria por ali, não hesitou em subir numa árvore para ver Jesus. Visualizemos esta cena. Aparentemente algo muito normal, mas não para este explorador frio e insensível. Naquele momento, Zaqueu deixou de lado seus títulos e cargos, sua imagem e autossuficiência, e expõe-se ao ridículo. Se o velho Zaqueu olhasse para este novo Zaqueu, diria para ele: mas o que é isso que você está fazendo? Nesse sentido, olhando para nossa vida de fé, temos consciência que muitos nos olham como se fôssemos pessoas ridículas. Para quem não crê e não acredita, nada é mais ridículo do que dar do nosso tempo e cultuar algo que não existe. Será que não me sinto ridicularizado quando digo que tenho fé e procuro cultivá-la a cada dia? E quando me ridicularizam por causa da minha fé, como reajo?

Encontramos também nesse pequeno episódio um lindo e perfeito caminho de missão e evangelização. Falamos tanto de missão, que precisamos ser missionários e que devemos assumir nosso papel de evangelizadores. Mas como corresponder a esta necessidade? Pensamos sempre em coisas grandiosas, em mirabolantes ações evangelizadoras, com muito barulho e estardalhaço. Mas será que Jesus pregou a Boa Nova desse modo? Os Evangelhos apresentam Jesus optando por esse caminho peculiar. Como Jesus anuncia o Reino naquele encontro? Ele estava rodeado por muita gente, mas fixa seu olhar num homem pendurado numa árvore. Olhou nos olhos desse homem, chamou-o pelo nome e pediu que fosse acolhido por ele e por sua família.

Este é o caminho escolhido por Jesus. Ele não foi reducionista, mas sabia que tocando o coração desse homem, tocaria toda sua família e alcançaria todos aqueles que um dia foram explorados e extorquidos por ele. Se antes as marcas deixadas por este homem na vida das pessoas eram de exploração e abuso, a partir daquele momento, as marcas que este homem deixaria na vida das pessoas seriam de paz, de amor, de misericórdia, de gratidão, pois sua vida não foi mais a mesma depois que o olhar do mestre encontrou os seus olhos. Esse pequeno homem tornou-se grande, não mais pelo sofrimento dos injustiçados, mas foi engrandecido por aquele que deu o verdadeiro sentido à sua vida, tornando-se justo e acolhendo a Salvação que entrou em sua vida e na vida de todos que partilhariam de sua nova vida.






domingo, 24 de outubro de 2010

Estar diante de Deus...

O Evangelho deste Domingo apresenta como devemos orar. Todo ser humano que crê necessita alimentar a sua fé através da intimidade com Deus. Ao nos colocarmos diante de Deus, estamos expressando o que somos, nosso temperamento, nossa personalidade, nossa visão de mundo e do próprio Deus. Desse modo, Jesus nos oferece dois modelos ou duas formas de nos apresentarmos diante de Deus, representados por duas pessoas. O primeiro é o fariseu, homem reconhecido como alguém profundamente religioso, que segue a lei e os princípios divinos. Junto a ele, no templo, está o cobrador de impostos, gente sem escrúpulos e exploradora. Por que será que Jesus coloca estes dois homens lado a lado? Certamente Jesus quer nos mostrar que muito mais que o nosso exterior, o que conta para Deus é a intenção mais profunda que trazemos dentro de nós quando estamos em sua presença. De nada vale nos colocar diante de Deus e não reconhecer os nossos limites, nossas imperfeções e nossa falta de conversão. Olhando para o fariseu percebemos que ele não rezou, tampouco se colocou diante de Deus; mas colocou diante de si um espelho, marcado pela sua autoimagem corrompida e desvirtuada. Deus não encontrou espaço em sua oração, porque não tem espaço em sua vida. Ele não quis ouvir a Deus. Basta-se em si mesmo. Por outro lado, temos alguém que nos é apresentado, não pelo seus estilo de vida, mas por sua atitude diante de si e de Deus. O publicano colocou-se diante de Deus, apresentando suas misérias e sua vida corrompida. Deus ali não apenas encontrou espaço, mas tornou-se naquele momento tudo na vida deste homem. Temos aí, portanto, um caminho pedagógico para nossa vida interior se queremos cultivar nossa espiritualidade: ser o que somos, ao menos perante o Senhor e para nós mesmos. Este homem saiu do templo, mas ele já não era mais o mesmo. Este encontro certamente marcou o início de uma nova vida. Neste mundo marcado pela superficialidade e pelas máscaras que nos impõem e que colocamos em nós mesmos, queremos nos propor para esta semana viver nossa espiritualidade com maior autenticidade, fazendo de nossa oração um momento privilegiado de encontro com Deus que nos conhece profundamente e que mora no mais íntimo de nosso ser.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Então tu serás feliz!


Todo ser humano está em busca de sua felicidade. Nós nos movemos, nos motivamos, nos desinstalamos em direção daquilo que nos fará felizes. Mas por que muitos são tão infelizes e insatisfeitos? Este é o questionamento que perpassa o Evangelho deste último domingo em que Jesus nos apresenta dois banquetes: o dos primeiros lugares e o dos pobres, coxos, aleijados... Se não levarmos em consideração a consequência de tais atos: Então tu serás feliz! Seguir os preceitos de Cristo torna-se loucura e ilusão.

Após observar a atitude dos convidados, Jesus diz que devemos escolher o último lugar, viver desapercebidamente. Para o ser humano contemporâneo, isso é uma loucura. Queremos ser os melhores, ocupar os lugares de destaque, de honra e muita distinção. Em contrapartida, Jesus nos aponta o caminho da humildade. Mas quem é o humilde? A palavra humildade vem de humus (terra, barro). Pela fé, acreditamos que fomos feitos do barro pelo escultor divino, o nosso Criador. Nesse sentido, somos todos iguais e pisamos o mesmo chão. Nossa vida depende d'Ele que nos fez dependentes também uns dos outros. Olhando para o outro, eu me vejo, e o outro deve se enxergar em mim. Então por que criamos tantas diferenças?

Para Santa Teresa Ávila, "humildade é a verdade". Ou seja, segundo a grande doutora carmelita, quanto mais assumimos nossa verdade, o que somos, nossos sentimentos, nossas alegrias, nossas limitações, nossos erros, nossas esperanças, mais humildes nos tornamos. Nesse sentido, quanto mais nos escondemos, criamos máscaras, fingimos ser o que não somos, nos tornamos orgulhosos, arrogantes e nos sentimos mais e melhores do que os outros. Este acaba afastando de perto de si, todos aqueles que procuram viver a sua verdade, a sua vida com transparência. Vive uma ilusão, vive em um mundo que não existe. Um triste mundo, num mundo que para ele, é muito triste!

Já no outro banquete apresentado por Jesus, ele espera que nós não convidemos nossos parentes e amigos para as nossas festas, mas os aleijados, os coxos, os pobres... Temos que ser muito honestos e reconhecer que esta verdade não faz parte da nossa realidade. Quem de nós prepara um banquete para os preferidos do Senhor? Os nossos preferidos são outros. Acreditamos que grandes mudanças, passam por pequenas atitudes. Olhando para nossas escolhas à luz da vida cristã, reconhecemos que procuramos prezar pela organização dos nossos Domingos, Dia do Senhor. Vamos à missa, preparamos um banquete para os nossos familiares e amigos; descansamos, conversamos... Até aí não há nada de errado. Mas como fica esta passagem do Evangelho?

Ao longo do ano temos aproximadamente 50 domingos. Diante disso eu me pergunto: será que em algum deles eu me dediquei aos preferidos do Senhor? Será que eu tenho coragem de dizer aos meus familiares e amigos num domingo, hoje me dedicarei àqueles que ninguém se dedica? Tenho a coragem de fechar a porta da minha casa e ir ao encontro de um enfermo, ou visitar um asilo ou uma casa de recuperação de dependentes? São pequenas grandes provocações que o Senhor nos faz nesta semana. Temos dificuldade de lidar com a gratuidade porque somos poucos gratuitos. Olhamos sempre o nosso lado particular ou o que ganharemos com tais atos. Pensamos sempre em nós, em nosso pequeno mundo e nos esquecemos de quem está do outro lado, no mundo real.

Por fim, qual é o sentido de tudo isso? Por que nos desafiarmos a mudar nosso pensamento e nossas atitudes? Porque simplesmente acreditamos na Palavra do Senhor. Temos nela um Caminho para nossa Vida. Porque para nós é a Verdade Suprema. Encontramos em nosso dia-a-dia muitas propostas de alegria e felicidade. O mundo não cansa de nos apresentar seus meios e possibilidades. Para nós só existe uma: a proposta de Jesus Cristo. É acreditando que seremos mais felizes, mais alegres, um pouco mais próximos da realização, que procuraremos ser mais humildes e gratuitos. O mundo tem sede disso. O ser humano espera isso. Quem está ao nosso lado experimentará essa realidade, se ao menos acreditarmos nisso e nos esforçarmos para tornar isso presente em nossa vida.



segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Um Tesouro tão distante e tão próximo




Toda nossa vida é uma constante busca. Estamos sempre seguindo em direção de algo. Fisiologicamente todo nosso organismo está num constante movimento de busca. Nossas células precisam de alimento, nosso sangue percorre milhares de quilômetros para alimentá-las e cumprir o seu papel, nosso coração bate preocupado em garantir pressão para que o sangue cumpra sua tarefa. Instintivamente estamos em busca daquilo que nos garante a sobreviência: ar, água, alimentos, calor, proteção. Existencialmente precisamos de afeto, de carinho, cuidado, de relacionamentos. Mas só isso não basta.

É assim que compreendemos que nossa vida, em todo o seu ser, é um reflexo daquilo que realmente somos e ansiamos. Estamos em busca da razão de nossa vida. Nessa dimensão surge, então, a realidade presente no ser humano que dá razão a todas as outras: a espiritualidade, cujo dinamismo associa-se à fé. Não uma fé qualquer. Mas uma fé bem determinada que, em meio ao Mistério, tem suas próprias razões. É vivendo esta fé que a vida passa ter um sentido e a nossa busca não se limita apenas ao campo fisiológico ou existencial, mas se abre ao horizonte do inifinito, do ilimitado e imperecível.

A divindade que habita em nós nos impulsiona ao Criador, tornando presente, pela fé, aquilo que se espera, dando consistência à nossa busca, fundamentando nossa esperança. Desse modo, percebemos que o ser humano se configura naquilo que espera, ou seja, somos aquilo que esperamos. E o que esperamos? Deus, em sua plenitude e totalidade. Ele é o nosso Tesouro! Afirmamos facilmente que Deus é o nosso Tesouro. Jesus disse: "Onde está o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração" (Lc 12,34). Porém, percebemos que nem sempre nossas buscas, nossos esforços e sacríficios se voltam na conquista desse tesouro. Nosso coração se encontra repleto de tantas coisas e preocupações e reconhecemos que nossos pequenos tesouros ocuparam o lugar do único e verdadeiro Tesouro.

Precisamos diariamente fazer nossa opção em buscar este Tesouro. Somos tentados o tempo todo em subsituir a preciosidade deste tesouro por coisas tão perecíveis e passageiras. Se afirmamos que somos o que esperamos e me desgasto demais com as coisas deste mundo, acabo me tornando uma matéria a mais em meio a tudo que existe. Entretanto, à medida que espero em Deus, em sua Palavra, a sua Verdade e a sua Vida, todas essas realidades crescem em mim, se concretizam em minhas opções. Passo a reconhecer que este Tesouro tão distante tem parte de sua preciosidade escondida dentro de mim, lá onde o dono do Tesouro reservou seu espaço que não pode ser preenchido por nada nem por ninguém a não ser por Ele mesmo, razão do nosso existir.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Relatos de um Peregrino!


Meus amigos, paz! Depois de um longo verão (ou inverno) estou de volta! Desde a última postagem, muitas coisas aconteceram. No último texto dizia que estava com as malas prontas e com o coração ansioso para uma viagem mais do que especial. No dia 6 de junho, 4 sacerdotes e mais este que lhes escreve, com mais 18 leigos de nossa diocese, embarcamos para a cidade eterna: Roma!

Todos nós estávamos muito ansiosos e entusiasmados com esta peregrinação. Muitos se preparam e sonharam com esta viagem durante muitos anos. Sempre sonhei com uma viagem dessa, mas na realidade, quase não tive tempo para degustar o sonho que se concretizaria tão brevemente. Tive menos de 20 dias para me preparar para tamanha experiência. Aos poucos fomos nos conhecendo e às 16h30 nosso avião deixou o solo brasileiro para aterrisar às 6h30 da manhã (horário local), em Lisboa, para nossa conexão. Depois de algumas horas de espera, pegamos nosso vôo com destino a Roma. Às 14 horas (horário local), tocamos o solo italiano.

Confesso-lhes que não foi pouca minha emoção. Estar em um outro país, vendo gente de todos os lugares do mundo, pisar o chão onde se encontra a Sede da nossa Igreja, tudo isso mexe profundamente conosco. Nunca falei outra língua fora do contexto de estudo. Agora a sala passa a ser o mundo. Todos à nossa volta não falam a nossa língua! É muito engraçado e ao mesmo tempo desafiador. Estou estudando italiano há quase dois anos, mas com o corre-corre e compromissos pastorais, não consegui me dedicar com afinco aos estudos da língua italiana. Disse então para mim mesmo: "está na hora de levar o estudo das línguas estrangeiras, especialmente o italiano, mais a sério!" Essa foi a primeira lição que aprendi na Itália.

Seguindo para o hotel, não sabia se escutava o que a guia estava dizendo, se olhava para as paisagens, monumentos e outras maravilhas. Estava maravilhado com tudo. Assim que nos acomodamos, pensei: depois de passar quase 18 horas viajando, agora vamos descansar! Mas na verdade o meu desejo mesmo era correr em direção do Vaticano. E foi o que aconteceu. Pe. Jean disse para nós padres: "Vamos agora para o Vaticano. ESTAMOS EM ROMA!" Realmente, a ficha demora para cair. E assim os 5 jovens sacerdotes seguiram para o ponto de ônibus a fim de conhecerem o Vaticano. Em menos de quinze minutos de viagem pelas ruas romanas, ainda dentro do ônibus avistamos a magnífica cúpula da Basílica de São Pedro. Que emoção! Esta foto que aí está foi tirada dentro do ônibus, expressando o primeiro ângulo que tive da cúpula.


Estávamos todos muito encantados. Ficamos olhando, admirando, tirando fotos uns dos outros na Praça de São Pedro. Era uma tarde muito quente e ensolarada. Em seguida, entramos na fila para adentrarmos naquela basílica que faz parte de nossa fé e que, desde a infância, contemplamos quando assistimos a famosa missa do galo na noite de Natal. Não tem como descrever a emoção que sentimos quando entramos nessa monumental basílica. Primeiramente fiz uma prece de louvor e agradecimento pela oportunidade de estar ali naquele lugar que sempre esperei conhecer, mas também pela grandeza e dignidade de fazer parte desta Igreja que mudou os rumos da humanidade, que transformou a sociedade e que deu um novo sentido para a minha vida.

Num clima de oração e silêncio, percorremos o interior da basílica, estupefatos com tanta beleza, imagem da Beleza inalcançável do Autor da Vida. Rezamos diante da Pietá, dos tumúlos papais, das imagens esculpidas perfeitamente em mármore, sabendo que a beleza maior está naquilo que não se vê e que a imagem tenta de algum modo transmitir. Perante o altar desta basílica rezei pelos milhares de altares cristãos espalhados pelo mundo, que mesmo distantes geograficamente, estão profundamente unidos a esta única mesa, único altar, único Cristo e Senhor.

Depois dessa rápida visita, em nosso coração já dizíamos: Já valeu a pena! De vez em quando nós perguntávamos uns aos outros: "eu não estou sonhando? Isso é verdade? Estou em Roma?" Realmente, quando nos motivamos na fé para uma peregrinação como esta, tudo aquilo que se vê, que se sente, que se experimenta, não é uma mera consequência do ato de se viajar, mas uma oportunidade de se deixar transformar através de tudo isso, unindo-se mais a Deus, razão e fim de tudo aquilo que vimos e contemplamos.


sábado, 5 de junho de 2010

Arrumando as malas... Preparando o coração...


Meus caros amigos, paz! Partilho um pouco com você o que tenho vivido nestes últimos dias. Talvez você não tenha conhecimento, mas estou partindo para uma peregrinação de 22 dias pelos santuários europeus. Tudo aconteceu repentinamente. No dia 13 de maio, após a celebração da Santa Missa, um grupo de pessoas ofereceram-me este presente. Agradeço primeiramente a Deus por este presente que Ele me concedeu através das mãos da Senhora de Fátima. Elevo ao Senhor uma prece pelas pessoas que colaboraram com este presente, que só Ele e eu sabemos quem são. Carrego cada uma delas em meu coração e nas preces de meus lábios. Alegro-me com todos que se alegram comigo e que estão tão ansiosos quanto eu, especialmente meus familiares e os amigos que nasceram pela fé. Agradeço meus confrades, particularmente o Pe. Felipe, Pe. Marcos e Pe. Geovane que, sem reservas, me incentivaram a aceitar este presente e realizar esta ímpar peregrinação. Amanhã, Domingo, embarco para a Cidade Eterna, Roma! Serei preregrino junto a vários varginhenses e mais 4 sacerdotes. O coração dessa primeira semana será a participação do encerramento do Ano Sacerdotal na Praça de São Pedro, com a presença do Santo Padre, o Papa Bento XVI, muitos bispos e milhares de sacerdotes do mundo todo. Tentarei traduzir em palavras e imagens cada experiência que viverei nos lugares que peregrinarei. Conto com sua prece. Pode contar com as minhas. Com saudade fico por aqui, concedendo-lhe minha bênção, com o coração sereno e cheio de alegria!

quarta-feira, 2 de junho de 2010

A nobre missão de servir com simplicidade...




Estive nesta última semana cruzando as estradas de nosso imenso país, seguindo em direção do Rio Grande do Sul. Fui convidado para ser o mestre de cerimônia da Ordenação Episcopal do Monsenhor Vilsom Basso. Foi uma honra participar desse momento único e especial na vida desse santo sacerdote e agora bispo da Igreja. Procurei durante toda celebração, mergulhar profundamente no mistério celebrado. Mesmo envolvido com o andamento dos ritos, cuidando dos mínimos detalhes, pude orar e rezar nesta memorável celebração.


Olhando para Dom Vilsom, contemplei o mistério do sacerdócio que este homem viveu nestes 25 anos com muita simplicidade e espiritualidade. Convivi com ele durante os finais de semana por um semestre quando ele se preparava para ser missionário nas Filipinas. Homem de poucas mas sábias palavras. Homem de oração constante. Homem de disponibilidade incondicional. Homem pobre e despojado. Homem de Deus.


Desde quando o conheci, passei admirar sua vida, sua vocação e ministério. Foi muito comovente sua despedida para as Filipinas. É bonito contemplar no rosto do homem de Deus, sua alegria em servir e também as lágrimas de quem muito ama. Participando de sua ordenação, contemplamos as lágrimas de todos aqueles que amam e admiram este homem. Recebendo cada sinal: anel, mitra, báculo, mais do que receber nobres insígnias, testemunhamos o homem que assume o compromisso de amar ainda mais a Deus, a Cristo e a sua Igreja.


Confesso que os mais de 3500 quilômetros percorridos entre a ida e a volta até Cinquentenário, Rio Grande do Sul, foram abençoados e gratificantes. Participar de um momento como este, revigora nossa fé, aumenta a nossa sede em servir e nos mostra que seguir a Cristo, exigirá de nós sempre mais do que somos capazes de pensar e imaginar. Deus abençoe Dom Vilsom. Deus abençoe a Diocese de Caxias, no Maranhão, que recebe um nobre e simples Pastor e Pai, que tem um coração grande, uma sensibilidade única e um olhar terno e misericordioso.