domingo, 23 de maio de 2010

Os círios de cera dão espaço para uma nova luz...


Celebramos hoje o Domingo de Pentecostes. É a grande festa do Espírito Santo. Há 50 dias, em torno do fogo novo, anunciávamos a maior vitória do mundo: A vida venceu a morte. Cristo ressuscitou! Neste fogo novo, acendemos o círio pascal que iluminou nossa comunidade durante este tempo de Alegria e Esperança. Com a vinda do Espírito Santo, a Igreja nos convida a rezar pedindo os dons, os frutos, as graças deste mesmo Espírito. Nosso círio hoje foi recolhido. É claro que ele não foi apagado. Seria uma incoerência nossa apagar aquilo que acendemos com tanta alegria e entusiasmo.

O círio foi recolhido. E o que podemos tirar para nossa vida deste sinal? Depois de sermos iluminados por esta nova luz, por esta nova chama, os círios que estarão presentes em nossas comunidade não serão os de cera, mas serão aqueles que têm coração e um espírito capazes de acolher a luz que jamais se extingue. Que alegria saber que a chama que brilhará a partir de agora se irradiará através de nossas atitudes à luz daquilo que cremos e professamos. Que brilho nos olhos não tem aqueles que se deixaram iluminar pela luz que brilhou do Ressuscitado e que continua brilhando até hoje?

Nossa comunidade concluiu neste dia memorável os festejos de seu patrono: o Divino Espírito Santo. Foram dias de muita oração, reflexão e partilha. Quantos sinais maravilhosos recebemos e experimentamos nesses dias. A novena nos apresentou os frutos do Espírito Santo. Quão preciosas foram as reflexões e celebrações. Como não lembrarmos da reflexão do Pe. Jean Paul sobre o fruto da paciência? A comunidade foi muito inspirada em motivar os irmãos a trazerem, a cada dia um alimento para os menos favorecidos, tornando assim nossa fé um pouco mais comprometida e encarnada. Que beleza perceber a presença dos jovens enriquecendo nossas celebrações. E concluo enaltecendo o gesto de fé e coragem de nossa comunidade em organizar os festejos populares sem a comercialização de bebidas alcóolicas.

Coroamos este tempo pascal com muita alegria e entusiamo. Realmente podemos dizer que não precisamos mais do círio pascal exaltando a presença do Ressuscitado. Ele está no meio de nós! Ele está dentro de nós! Somos portadores desta luz, deste fogo, desta chama. Somos os novos círios! Que nossa comunidade continue aberta a ação deste Espírito transformador e renovador, que nos convida a sermos ousados nas atitudes que promovam a vida, tornando o Evangelho cada vez mais presente na vida dos cristãos.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos...


Nestes dias celebramos a chamada Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos. Somos convocados a rezar para superar nossas divisões e nossos conflitos, principalmente entre as igrejas cristãs. Acompanhamos no Evangelho desta Semana o Capítulo 17 de São João que nos apresenta a Oração Sacerdotal de Jesus. Nosso Senhor reza para que os homens sejam um, assim como ele e o Pai são um. Precisamos rezar pela unidade, mas também agir, ir ao encontro dos outros, seja dentro de nossa casa, de nossa comunidade, de nossa Igreja e das demais igrejas cristãs. Nossa comunidade vive uma semana diferente, com pequenos sinais que revelam nossa fé e nossa esperança. No Domingo tivemos o encontro das Adoradoras. Mulheres cristãs, de diversas confissões que se reuniram no desejo de louvar e adorar o Senhor. Foi um encontro especial e marcante, reunindo mais de cem mulheres em oração. Na segunda-feira, fomos à igreja Metodista, conduzida pelo Pastor Fábio. Um grande homem de Deus, com profundo amor e conhecimento da Palavra. Fomos muito bem acolhidos, partilhamos nossas experiências, cantamos e rezamos juntos. Hoje, nossa comunidade paroquial teve a graça de acolher o Pastor Fábio e sua esposa Raquel na celebração de nossa novena preparatória à Festa do Divino Espírito Santo. Foi marcante a entrada deste casal em nossa igreja, conduzindo o Livro dos Evangelhos e depositando-o sobre o altar. Acreditamos que estes pequenos gestos, essa presença discreta e sincera, são frutos de nossa oração. Não nos encontramos por acaso. Que Deus abençoe nossos irmãos Metodistas. Que Deus abençoe a Comunidade Adorai, de modo particular, a Carol e o Marcelo por terem sido "intercessores" desse memorável encontro. Fica para nós a certeza que em meio às nossas diferenças e divergências, a unidade é possível e está mais próxima do que pensamos.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

N'Ele vivemos, nos movemos e existimos...


Considero esta afirmação de São Paulo no Areópago uma das mais fantásticas e maravilhosas de toda Escritura Sagrada. Nem sempre nos damos conta da profundidade de tal expressão, que para nós, é uma Verdade de Fé. Crer que vivemos em Deus significa que não existe nada fora de Deus. Todo ser humano vem de Deus, nasceu de Deus e para Deus há de voltar. A vida é de Deus. Não somos frutos do acaso. A vida não é uma mera fatalidade ou um acidente. Dizer que nos movemos por Deus é afirmar que o que nos move, nos impulsiona, o ânimo de viver é tudo obra e dom de Deus. É o próprio Deus que me estimula, me dá esperança e sussurra em meus ouvidos dizendo: viver vale a pena! Se existimos em Deus, estamos dizendo que a existência é obra do querer de Deus. Ele não precisava de nada, mas quis criar e ofereceu a existência a tudo que existe.


Nessa perspectiva, dizemos que na vida podemos assumir duas posturas: acreditar nisso ou não. Se não acredito, considero-me fruto do acaso, um ser "inteligente" e nada mais. Um ser um pouco mais desenvolvido de tudo o que existe. Viver assim é afirmar que vivo, me movo e existo por mim mesmo! Mas eu lhe pergunto: você escolheu sua vida? Você escolheu ser assim? Quem lhe escolheu? Seus pais? Creio que não! E você escolheria esses pais? Creio que também não, pois somos exigentes demais!


Se as respostas acima não nos convence, assumimos a atitude daqueles que creem que somos escolhidos e chamados a esta vida por pura vontade do Criador, Deus. Ele me quis! Ele me fez como sou. Desse modo, a nossa vida assume uma nova dimensão. Vivo em Deus, me movo por Deus e existo para Deus. Percebemos que esta pequena atitude diante da vida, da própria fé e de Deus é capaz de mudar todo o rumo de nossa vida. Tudo passa a ter um sentido. As experiências são vivenciadas numa perspectiva vocacional: Deus me chamou! Deus me enviou! Deus me AMOU! Que nossa fé no Deus que não está longe de nós, seja uma constante em nossa vida, especialmente quando tudo parece não ter sentido ou quando pensarmos que Deus está tão distante ou ter se esquecido de nós.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Se alguém me ama guardará a minha Palavra...


O Evangelho do último Domingo nos apresentava Jesus oferecendo a sua paz. Ele nos dá a sua paz e não a paz do mundo. Sempre que nos reunimos em comunidade, estamos juntos porque cremos em Deus e acreditamos em seu Amor. Desejamos colocar Jesus como centro de nossa vida e história, mas também procuramos aquilo que o nosso coração tanto anseia: a Paz! Por isso, nossas comunidades precisam transmitir e construir esta paz, primeiramente entre os seus membros, entre aqueles que professam a mesma fé no Cristo.

Podemos nos perguntar: por que existem as guerras? Por mais que tenhamos muitas e elaboradas explicações, chegamos à triste constatação que elas nascem no coração do ser humano. Olhando para a história através de nossa fé, professamos que Deus criou um mundo harmonioso e em paz. Tudo era Bom! E por isso acreditamos que tudo pode voltar a ser bom! Esta é a nossa esperança! Esta é a nossa Alegria: A Paz é possível! Basta o ser humano desejá-la, acolhendo o projeto de Deus, tendo-o como nosso Deus e acolhendo também o nosso irmão, ou seja, olhando o outro como irmão.

Uma guerra pode ser minuciosamente organizada e preparada, mas ela depende de uma palavra pra ser declarada. Os soldados esperam a palavra de destruição e de morte para que se inicie o fogo cruzado. A vitória depende da morte e a morte aguarda uma palavra que a autorize. Quanta triteza e quanta dor! Essa é a paz do mundo. É assim que o mundo acredita que alcançará a paz!
Num primeiro momento, isso parece estar muito longe de nós, porém, olhando para a nossa realidade, para os nossos relacionamentos, para as nossas famílias e comunidades, percebemos que podemos criar essa mesma situação de destruição e de morte. Provavelmente não possuo as armas de fogo, mas trago uma arma tão poderosa e tão destruidora: a palavra. Sim, minhas palavras podem ser de morte ou de vida.
Jesus nos trouxe uma palavra de paz. Ele é a nossa paz! Nossas palavras podem ser de paz ou não. Quanto poder existe nas Palavras! Percebo que minhas palavras podem unir, estimular, gerar comunhão e paz. Entretanto, minhas palavras podem destruir, dividir e criar uma pequena guerra onde quer que eu passe. É uma questão de escolha. É uma atitude de fé, de quem crê em Deus e acredita que a paz é possível.

Ao longo desta semana pensemos um pouco sobre a força e o poder da Palavra. Quem ama verdadeiramente o Senhor, guarda e reflete a sua Palavra. Olhemos para as pequenas guerras que enfrentamos, os conflitos que nos circundam e que nos atingem, e reflitamos de que modo eu posso ser um instrumento de paz. Quais palavras ocupam minha voz? Trago armas de destruição ou sementes de vida em minha boca? Que o Senhor nos ajude a plantarmos sua Palavra em nosso coração, para que nossas palavras sejam frutos de acolhida, fraternidade e paz.

sábado, 8 de maio de 2010

Um sábado de maio...


O sábado é um dia especial para os padres que atua numa paróquia. É dia de atender aqueles que não podem nos dias de semana, de participar de muitas reuniões, de se preparar para a celebração dominical e quase sempre assistir ("celebrar") matrimônios. Este foi o meu dia. Tive a oportunidade de assistir hoje o matrimônio da Gislaine e do Diângelo. Um casal especial. Eu sempre os via na assembleia durante as celebrações da Santa Missa. Hoje eles se aproximaram um pouco mais de mim, para pedir a bênção de Deus para a vida deles, para esta nova vida que se deu através da União Conjugal. Como é bom saber que em meio a tanta descrença a respeito do amor, do matrimônio, da fidelidade, existem jovens que continuam acreditando no verdadeiro sentido do amor e do matrimônio. É muito bom concluir as atividades de um sábado de maio, mês de Maria e das Noivas, acolhendo e abençoando dois filhos que se decidiram livremente viver pelo amor, para o amor e no amor. Disse a eles que contarei ainda mais com a presença deles em nossa comunidade e nas nossas celebrações. Porque, se algum dia alguém chegar até mim e dizer: Padre, não acredito mais no amor, não acredito no matrimônio, tampouco na fidelidade conjugal. Eu responderei a esta pessoa apresentando este casal, dizendo: preciso dizer-lhe mais alguma palavra? Que o Senhor abençoe todos aqueles que acreditam no verdadeiro sentido do amor e que nós jamais deixemos de acreditar no amor incondicional, no amor doação, no amor serviço, no amor divino... no Amor de Deus!

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Fui eu que vos escolhi...




Concluímos esta semana que pode ser considerada a Semana do Amor, pois tivemos a oportunidade de rezar e refletir com muita profundidade sobre o sentido do Amor. Os Evangelhos acentuaram essa dimensão fundamental da vida humana e cristã. Cremos que Deus criou tudo o que existe por causa do Amor ao seu Filho. Por Ele somos amados, e por nos amar, enviou-nos o Seu Filho para que que fôssemos salvos por Ele. Logo, Amor e Salvação se conjugam. Quanto mais eu amo, mais eu me aproximo da Salvação. É só no Amor que compreendemos o sentido da existência. É pelo amor que cremos naquilo que não vemos. Fé exige Amor e Amor exige Fé. Não é por acaso que cremos que estas dimensões do ser humano são consideradas dons divinos. O amor não é meu. A fé não é minha. São presentes de Deus, marcas que ele deixou em nós. Sendo assim chega ao coração as palavras: EU VOS ESCOLHI! Sim, ele me escolheu para ser uma extensão de sua existência. Ser sua imagem e semelhança. Sou fruto do Amor pelo Seu Filho. Que nos sintamos escolhidos e amados por Deus. Diante de uma realidade de poucos escolhidos e muitos excluídos, que nós cristãos, chamados a estar neste mundo em nome do nosso Criador, manifestemos a todos, especialmente aos desesperados e desiludidos, que eles foram escolhidos, que eles são escolhidos, e que nós também os escolhemos porque Deus nos escolheu e nos Amou!




Convido você que talvez tenha se esquecido de refletir as questões que lhe apresentei na reflexão dominical, para voltar a se questionar: Como Jesus me ama? Como eu amo Jesus?

quinta-feira, 6 de maio de 2010

E a vossa alegria seja plena...




Continuamos nossa reflexão à luz do Evangelho celebrado e rezado no dia de ontem. Hoje, Nosso Senhor nos oferece as condições para segui-lo. Ele não nos impõe nada. Na verdade, quando se ama não existe imposição, pois a adesão é incondicional. "Se guardardes os mandamentos, permanecereis no meu amor". Belas palavras que tocam o nosso coração, especialmente dos que têm fé, e mais, dos que vivem a fé. Mas se ficarmos apenas nesta afirmação, que já diz tudo para o cristão, como tocar o coração daqueles que não guardam os mandamentos e que não se preocupam tanto em permanecer com o Senhor? Desse modo, faz-se necessária a afirmação que Jesus faz em seguida: "... para que minha alegria esteja em vós e a vossa alegria seja plena". Nesse sentido, compreendemos profundamente a razão de permanecermos no Senhor e de guardarmos suas palavras. Todo ser humano tem sede de alegria. São tantas as alegrias que são apresentadas, oferecidas e comercializadas. Percebemos que, diante de um mundo capitalista e materialista, a alegria depende de coisas: serei feliz se tiver isto, se comprar aquilo, se estiver em tal lugar... Porém, acreditamos que a verdadeira alegria não está condicionada a nada nem a ninguém. A alegria verdadeira é aquela que brota de um coração cheio de fé, de alguém que coloca sua esperança em Deus. De alguém que está neste mundo mas que sabe que não é deste mundo. Se ainda não vivemos a plenitude, podemos dizer que experimenta a verdadeira alegria aquele que guarda em seu coração a Palavra do Senhor, quem deixa se questionar por Ele, procurando sempre permanecer em seu amor.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Permanecei em mim...


O Evangelho de hoje nos apresenta a celebre passagem em que Jesus compara a vida dos seus seguidores com a imagem da videira. Ele se coloca no colocar da videira e nos promove a sermos seus ramos. Quanta honra de sermos consideramos ramos do Senhor. Para que os ramos deem frutos, é necessários que eles estejam unidos à videira. Dependemos do Senhor. Para quem tem fé, não existe vida fora de Deus, sem Jesus e sem a seiva do Espírito Santo. Jesus insistentemente pede que permaneçamos n'Ele. Como traduzir para os dias de hoje esse permanecer em Jesus? Existem muitos modos de permanecermos com Cristo, mas nenhum deles substitui a necessidade primordial da oração. Podemos falar de Deus, dizer que somos cristãos, que participamos da comunidade, que atuamos em trabalhos pastorais, mas se não tivermos o nosso espírito alimentado pelo Espírito Santo de Deus, tudo isso é em vão. Desse modo compreendemos quando Jesus diz que os que não permanecem na videira, são lançados fora e queimados. Ou seja, é tudo palha seca! Porém, aqueles que permanecem em Deus, esses sim, produzem muitos frutos. Em nosso dia a dia, encontramos tempo para tantas coisas, sejam elas fundamentais ou não. Que nós cristãos, acreditemos sempre que nossa vida sem oração, sem silêncio, sem reflexão, sem escuta da Palavra, torna-se seca e vazia. E que o contrário, faz-nos experimentar a alegria, a paz, a confiança, a esperança... frutos de uma vida que permanece em Deus!

terça-feira, 4 de maio de 2010

Deixo-vos a paz...


Antes de partir, Nosso Senhor nos deixou um grande presente: A PAZ! Ele nos dá a sua paz e não a paz do mundo. Conhecemos tantas situações de guerra, países em conflitos e disputas não declaradas. Mas não podemos nos esquecer que estas situações nascem no coração do ser humano. Desse modo, percebemos que também nossos lares, nossos ambientes de trabalho, nossas comunidades podem também estar em guerra. Quando queremos impor nossas vontades, exigir dos outros nossos anseios pensando apenas em nós, estamos gerando um ambiente de guerra e de disputa. Rezemos sim pela paz no mundo, mas não deixemos de rezar e de construir a paz em nossos lugares de convivência. Precisamos aprender a ceder, ouvir, tolerar, compreender, esperar... Certamente não conseguiremos estabelecer a paz mundial, não uniremos os povos e nem desarmaremos os exércitos; mas experimentaremos um pouco da paz que o Senhor nos deixou, pois pela fé nesta paz que é possível, eu realizo aquilo que está em minhas mãos e que depende apenas de mim e das minhas atitudes. Que o Príncipe da Paz nos ajude a sermos instrumentos da Sua Paz!

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Entregar...


Hoje na Pastoral da Sobriedade refletimos e nos propomos a vivenciar ao longo desta semana o Passo Entregar. Todos nós temos muitas coisas para entregar, creio que a principal delas, além de nossa vida a Deus, precisamos entregar o nosso amanhã. Entregar aquilo que não posso mudar, aquilo que não está em nossas mãos. Cada vez que vou em uma das reuniões da Sobriedade, não consigo ficar sem me emocionar. Quando nos apresentaram o Projeto da Pastoral da Sobriedade, em meu coração e na minha razão, eu sentia e pensava: isto é impossível. Realmente, para o Padre Rafael medroso, metódico e limitado, realmente este projeto não sairia do papel. Posso dizer que esta obra é o maior sinal de Deus para mim, revelando-me que eu devo me entregar, me entregar e me entregar. Creio que esta Pastoral era o sonho de Deus para nossa paróquia, mas que precisava das mãos de um sacerdote, de mulheres cheias de fé e de coragem, para vencer os preconceitos e as muralhas que construímos em nossas relações e ir ao encontro dos escravizados pelos vícios. Louvo a Deus porque a cada semana posso olhar para estes meus filhos, que chegaram em nossas mãos, arrebentados, destruídos, humilhados... E hoje estão lá felizes, restaurados por dentro e por fora, com os olhos cheios de luz e de esperança. Confesso-lhes que a alegria que experimento cada vez que celebro a eucaristia, ela se desdobra naquele salão onde altar do sacrifício se estende, chegando aos sacrificados pelos vícios que milagrosamente retornam à vida.

domingo, 2 de maio de 2010

Assim como eu vos amei...


Quanta alegria saber que pela fé, formamos uma Comunidade fundamentada no Amor. Não buscamos a Deus numa religião fria e sem sentido. Nossa expressão religiosa não se fundamenta em preceitos vazios ou obrigações irracionais. Nossa religião é a religião do Amor. Esta foi a experiência dos discípulos, esta é a nossa experiência. Rezando e Refletindo as leituras da Escritura propostas para este 5° Domingo da Páscoa, podemos afirmar: Somos Amados por Deus! Ele nos ama, nos amou e nos amará sempre. Será que existe felicidade maior do que essa? Somos amados por nossos pais, por nossos familiares e amigos, mas o Amor maior, o Amor que nos faz ir ao encontro dos amores da terra é o Amor de Deus.
É neste Amor que acredito que sou verdadeiramente amado, e por isso preciso me amar com o amor do Pai que me ama. Como cristãos, precisamos resgatar esse amor fundante e primordial presente em nós. É dom do Pai. É interessante notar que os discípulos, antes de receberem o mandamento do Amor por parte de Jesus, acompanham Judas os deixando. Por que será que o evangelista faz esta menção? Olhando para a história de Judas, sabemos que ele é caracterizado pelo gesto da traição. Realizando uma viagem para dentro de nós, percebemos que muitas vezes nós nos traímos. E sabe qual é a maior traição que cometemos a nós mesmos: Não nos amamos!
Se Deus nos Ama e se somos chamados a Amá-lo, devemos acreditar que aí está a essência da vida. Por que então não nos amamos? Acredito que esta seja uma das maiores enfermidades do ser humano contemporâneo: não se amar! Quantas consequências trágicas acompanhamos pelo simples fato de muitos não se amarem. Quando nos amamos, enxergamos o mundo com outros olhos e fazemos a experiência que o autor do Apocalipse nos relata: "Contemplei um novo Céu e uma nova Terra!". É claro que tudo muda, pois quando eu passo a me amar verdadeiramente, já não sou mais o mesmo. Os meus olhos são transformados, meus sentimentos renovados e posso proclamar: "Eis que Ele faz novas todas as coisas!".
A comunidade cristã deve ser uma Escola do Amor. Na verdade, as primeiras aulas sobre o amor nós deveríamos receber dentro de casa, junto aos nossos pais e familiares. Porém, constatamos que esta escola está em crise. Quantos pais que dizem que amam seus filhos e passam as tardes de sábado preocupados apenas com seus interesses e diversões. Que amor é este? E as mães que enchem seus filhos de presentes, mas que não são capazes de perguntar como se sentem, se estão felizes. Não dedicam tempo para partilhar com eles as questões fundamentais da vida como a morte, a dor, os sofrimentos, as perdas e as frustrações.
Dia desses eu tive uma experiência incrível. Acompanhei à distância o encontro de uma família em sua casa. Eu não os conheço e eles nem imaginam que relato aqui este fato. Escutei um pai e uma mãe cantando para seu pequeno filho: "Como é grande o meu amor por você!". Esse acontecimento pode ser lido como algo normal e corriqueiro. Mas para mim, esse foi um dos gestos de amor e carinho mais lindos que já presenciei em minha vida. Sem os conhecê-los, senti este amor e experimentei este amor. Disse para mim mesmo: esta criança está sendo salva por seus pais. Eles estão fazendo a parte deles enquanto pais e educadores. Falar para esta criança que Deus a ama não será difícil e nem algo de outro mundo, pois essa criança sabe que o verdadeiro amor existe pois ela o experimenta debaixo do seu próprio teto.
Por fim, Jesus diz: "que vos ameis uns aos outros assim como eu vos amei". Como seguidores de Cristo, precisamos nos perguntar: Como Jesus ama? Esta resposta é clara e evidente. Basta abrir os evangelhos e constatar suas atitudes. Ele acolheu o diferente, curou os doentes, visitou seus amigos, não condenou os pecadores, ofereceu uma nova vida com um simples olhar e com breves palavras cheias de amor e de afeto. Esse é o jeito de Jesus amar. Como cristãos, o nosso jeito de amar deveria ser o dele. Pode ser que tenhamos dificuldades em amar como Jesus amou. Porém, pode ser que essas dificuldades estejam no fato de eu não deixar que Jesus me ame, me acolha e me ensine a me amar.
Para esta semana pascal, sugiro para reflexão e oração pessoal dois questionamentos: Como Jesus me ama? Como amo Jesus?

sábado, 1 de maio de 2010

Retiro das Equipes de Nossa Senhora


Estou experimentando a graça de conduzir um Retiro para os casais Equipistas de Nossa Senhora daqui de Varginha. São 38 casais que assumiram o desafio de permanecerem em silêncio ao longo desses exercícios espirituais. Disse-lhes que não tinha nenhuma novidade, a não ser a maior novidade que tão é antiga e sempre nova: Jesus Cristo crucificado-ressuscitado. Quero expresar minha gratidão e alegria de vivenciar este momento e evidenciar a seriedade dos casais presentes. Amanhã tem mais. Deus os abençoe!!